Relembrando a história, sabemos de seus antecedentes em um encontro de latino-americanos, brasileiros, venezuelanos e uruguaios, participando em 1992 do XII Congresso da IAAP realizado na cidade de Chicago, onde compartilharam o sonho de realizar encontros de latino-americanos junguianos. Vários anos se passaram, mas a motivação permaneceu viva em nossa memória coletiva.

Em março de 1997, a pedra fundamental do movimento latino-americano foi consolidada, e a partir desse momento, nunca parou. Desenvolveu-se e eclodiu das terras frias da América do Sul às terras quentes da América do Norte, passando pela América Central. Esse movimento emergiu como uma força que brota com entusiasmo, comprometimento e dedicação. Nasceu da experiência de uma "refeição compartilhada". Aproveitando a amizade e profissionalismo que surgiram entre os membros fundadores da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica e os da Fundação C.G. Jung de Psicologia Analítica do Uruguai, mais tarde Sociedade Uruguaia de Psicologia Analítica (SUPA) celebrávamos em uma noite no final do verão, jantando com o prazer de nos reencontrarmos como irmãos de fronteira, e o desejo ressurgiu com mais força, e como expressão do próprio grupo. O desejo de convocar e encontrar-se com todos os diversos irmãos desta grande família latino-americana , inclusive os ibero-americanos.

“A ideia, que agora está ganhando corpo neste encontro, surgiu em um jantar de amigos e colegas em nossa casa quando nós, uruguaios e brasileiros, decidimos realizar um evento sobre a identidade latino-americana.”
(I Congresso Latino-Americano, 1998, Discurso de abertura do Dr. Nairo Vargas)

Isso aconteceu há 24 anos, entre analistas junguianos na casa de Irací Galiás e Nairo Vargas que, junto com outros membros da SBPA, compartilharam um encontro junguiano com analistas do Uruguai, Mario Saiz, Pablo Gelsi e Pilar Amezaga.

A força e a potencia criativa que vêm desse encontro, especialmente de Irací e Mario por criar um local de encontro sobre cultura e ciência, arte e criatividade de todos os junguianos em torno do tema: A identidade da América Latina. Um ano mais tarde, esta iniciativa tornou-se uma realidade na organização do Primeiro Encontro Junguiano Latino-Americano em Punta del Este (1998).

Ao realizar este I Congresso Latino-Americano de Psicologia Junguiana, também como um encontro, queríamos enfatizar um estilo, uma modalidade de relacionamento, uma forma de comunicar nossas experiências e conhecimentos.

"É um encontro de símbolos, de imagens e afetos, de pensamentos e intuições. Temos uma motivação muito definida para a América Latina e para o desenvolvimento de uma Psicologia Analítica na América Latina, uma psicologia comprometida com essa encruzilhada de culturas, memórias coletivas, âncoras territoriais, que sempre moldaram os contextos da alma da América Latina.

É a alma que está em nossos mitos, em nossa cultura, em nossa arte e em nossa forma de fazer ciência e de ensinar. Mas, também em nossos sofrimentos e alegrias, em nossos valores e em nossa dignidade, em nosso amor pela terra e por nossos irmãos e irmãs.

Esperamos que este encontro permita que o Eu Latino-Americano se expresse e seja ouvido por todos nós, a fim de dar uma contribuição autêntica e verdadeira para a alteridade da América Latina."
(I Congresso Latinoamericano,1998, Palavra inalgural de Mario Saiz )

Seu objetivo é um "conhecimento", na perspectiva da psicologia analítica, sobre a Identidade Latino-Americana, nascida de um caldeirão de culturas e diversos países. Um conhecimento de seus mitos, seus ritos, seus sonhos, seu folclore, suas próprias histórias literárias, bem como sua arte latino-americana, e seu trabalho clínico e psicoterapêutico, sempre inserido em um contexto múltiplo, criativo e diversificado.

Para "compartilhar" este projeto é criado, oficialmente, neste I Congresso Latino-Americano, com voto unânime de todos os países participantes: o Comitê Latino-Americano de Psicologia Analítica (CLAPA).

O verdadeiro espírito latino-americano nasce da terra, da ecologia profunda, a partir de seus mitos e sofrimentos, e as transformações que a violência da colonização implicava. Colonização de terras, de riquezas, não significa colonização da alma latino-americana. Ela vive e quer se expressar, clama por preservar sua liberdade, por ser autêntica, autônoma e com sua própria identidade. Quando a América Latina perde seu contato com seu rizoma, sua alma corre perigo. Somos agenciamentos de terra, natureza, culturas ancestrais, de latinos, indígenas e afrodescendentes, mas somos antes de tudo conjunções de almas, integramos e participamos da alma mundial latino-americana.

Outro marco importante, aconteceu antes do nosso II Congresso Latino-Americano (2000), realizado no Rio de Janeiro, durante a visita ao Brasil de Murray Stein, presidente da IAAP, foi acertada a proposta da SBPA de incorporar a língua espanhola como uma das línguas oficiais da Associação Internacional de Psicologia Analítica.

É precisamente neste II Congresso sobre o tema: "A Identidade do Analista, que formalmente levantamos a solicitação, em acordo com a SBPA e a AJB do Brasil, de que fossem incluídos aos idiomas oficiais dos Congressos Internacionais da IAAP, a Língua Espanhola, abrindo fronteiras para junguianos de diferentes regiões da América Latina.

Em 2001, no XVI Congresso Internacional em Cambridge, a assembleia de analistas incorporou a língua espanhola como língua oficial do IAAP. Uma das características dos nossos congressos nesses 24 anos é a participação de analistas junguianos e pessoas em formação para serem analistas, mas também, promovemos a participação de pesquisadores e estudiosos de múltiplos domínios da cultura, da história e antropologia à neurociência cognitiva e filosofia, bem como contribuições das artes, folclore e ecologia latino-americanas. Também compartilhamos contribuições e diálogos com diferentes domínios do conhecimento, das neurociências às psicociências, a saber: psicanálise, psicodrama, jogo de areia, movimento autêntico, gestalt, sistêmico, etc.

Tivemos uma rede nesses 24 anos de relacionamentos, amizades, encontros, trocas de experiências e conhecimentos analíticos. Realizamos 8 congressos nessa época de convivência, geramos conferências temáticas no ano anterior ao Congresso para colaborar na divulgação e aprofundamento da psicologia analítica no país onde se realizará o congresso.

As associações, sociedades e grupos em desenvolvimento afiliados ao IAAP que atualmente fazem parte do CLAPA são atualmente 10 países: Argentina (SUAPA), Brasil (SBPA, AJB), Chile (SCPA), Colômbia (SCAJ), República Dominicana (CGSD) Equador (F.C.G.JUNG), México (SOMEJ), Peru (APPA), Venezuela (AVEPA, SVAJ), Uruguai (SUAPA).